Reino Unido já não é mais uma economia líder

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Para o Reino Unido, a situação atual é péssima e o futuro é pior ainda. Será que a libra está à altura dos desafios que a economia britânica tem pela frente, ou será que a moeda vai desabar?

Os problemas do Reino Unido não são poucos: crise da inflação, instabilidade política decorrente da saída do primeiro-ministro Boris Johnson, problemas no comércio devido ao Brexit e à pandemia de covid-19 e a alta imprevista dos preços da energia devido à invasão russa da Ucrânia. De acordo com analistas do Saxo Bank, os fatores negativos listados acima fazem a economia britânica parecer mais uma economia de país em desenvolvimento do que a sexta maior do mundo.

Fatores negativos para a economia do Reino Unido

1. A Grã-Bretanha está à beira de uma recessão profunda

O Banco da Inglaterra (BOE) alertou que, no quarto trimestre de 2022, a economia britânica vai entrar em sua mais duradoura recessão desde a crise financeira de 2008, com uma queda de 2,1% no PIB. A inflação também vai atingir seu pico, passando dos 13% em outubro.

Para piorar as coisas, o banco central não projeta uma recuperação rápida dessa recessão e vê o crescimento do PIB abaixo de 1,75% até meados de 2025.

2. A inflação fez com o Reino Unido o que o Brexit não fez

A projeção do BOE para o pico da inflação no país é de 13,3% em outubro, bem acima dos 11% anteriormente previstos. A inflação vai se manter alta na maior parte de 2023, para só então cair e virar na direção da meta de 2% em 2025.

Até agora, o BOE aplicou seis aumentos consecutivos à taxa de juros, em uma tentativa desesperada de controlar a inflação. O último aumento de 0,50% foi o mais significativo desde que a instituição conquistou sua independência do governo britânico, em 1997.

3. A instabilidade política assombra o país

O novo primeiro-ministro britânico será conhecido em 5 de setembro, por conta da renúncia de Boris Johnson provocada por uma sequência de escândalos e pedidos de demissão em massa em seu governo. O cargo é disputado pelos candidatos conservadores Liz Truss e Rishi Sunak.

4. O preço da energia disparou devido à guerra na Ucrânia

O teto do preço da energia no Reino Unido deve subir mais 70% em outubro, o que corresponde a um aumento anual de mais de £3.400 (US$4.118).

A alta dos preços do petróleo e do gás é o principal fator (driver) por trás da crise da inflação no país. Os preços do gás atingiram níveis recordes devido aos problemas de oferta causados pela invasão russa da Ucrânia e pelo corte aplicado pelos russos no fornecimento de gás à Europa.

5. A situação no comércio é tensa

Há risco de uma guerra comercial entre Reino Unido e União Europeia em torno do Protocolo da Irlanda do Norte. Se o Protocolo for aprovado como lei no Reino Unido, a reação europeia vai agravar os efeitos negativos do Brexit.

Apesar de sua fraqueza, a libra está salvando o país

A única coisa que impede a economia britânica de ser rebaixada a economia emergente é a ausência de uma crise cambial.

Crise cambial é um tipo de crise financeira decorrente de uma forte desvalorização da moeda de determinado país. A libra esterlina, contudo, tem conservado sua estabilidade durante os últimos grandes acontecimentos na economia, principalmente o Brexit e a pandemia de covid-19.

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Mesmo assim, a libra pode voltar ao mais baixo patamar contra o dólar americano desde março de 2020, podendo em breve cair abaixo de US$1,20. A libra vai ter um caminho difícil perante o dólar, dado que o cenário econômico no Reino Unido fica cada vez mais sombrio enquanto os Estados Unidos registram força no mercado de trabalho e recuo na inflação.

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Amira Mohey

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