A preocupação com a oferta global mais restrita provocada pela escalada do conflito no Médio Oriente poderá impulsionar os preços do petróleo neste início de semana
O que pode jogar o petróleo para abaixo de US$ 90 o barril?
2022-08-12 • Atualizado
Os últimos dois anos registraram as maiores oscilações nos preços do petróleo em 14 anos. Essa montanha-russa deixou mercado, investidores e traders de queixo caído. Essa dinâmica se deve sobretudo às tensões geopolíticas e à migração para energias limpas. No decorrer dos últimos dois anos, o petróleo chegou a ser negociado a US$ 19 o barril — ou até patamares negativos, se considerarmos os futuros do WTI — e depois subiu para US$ 139.
Não víamos tamanha oscilação nos preços do petróleo desde a crise financeira de 2008, quando este despencou de US$ 150 para menos de US$ 40. Na época, o tombo foi motivado pelo temor de uma recessão global, que levou a um recuo na demanda pelo recurso, assim como na situação atual.
Motivos da atual baixa do petróleo
- A pandemia de covid-19, o resultante distanciamento social e suas consequências, que estamos sofrendo atualmente.
- A transição para energias limpas e a redução de emissões de poluentes.
- A falta de investimento em novos projetos da indústria petrolífera, por conta de custo alto e demanda baixa.
- A política da OPEP+, os enormes cortes na oferta e, posteriormente, as tentativas de reintroduzir essa oferta no mercado.
- Acima de tudo, a conduta imprevisível da Rússia e o destino do petróleo russo.
O resultado foi uma forte alta na inflação e, mais recentemente, esfriamento da demanda, desaceleração do crescimento econômico e aumento do medo de uma recessão.
Duas hipóteses a favor do petróleo abaixo de US$ 90
Os preços do petróleo podem cair para US$ 90 o barril se os maiores consumidores mundiais continuarem a ter problemas de inflação alta e crescimento baixo.
- Se os Estados Unidos continuarem a sofrer com inflação alta, o crescimento econômico vai desacelerar e a demanda vai cair por causa do encarecimento dos combustíveis e dos serviços para consumidores, alimentando temores de que os EUA vão entrar em uma recessão.
- Se a China não conseguir resolver seus problemas econômicos e continuar lançando mão do distanciamento social, que ameaça sua produção e seu crescimento, isso vai ter impacto na economia global.
O petróleo pode cair abaixo de US$ 90 e permanecer nessa faixa por algum tempo. Os problemas nas duas maiores economias do mundo vão impactar a demanda por petróleo. Os efeitos disso, claro, vão se manifestar nos preços do Brent e do WTI.
Uma hipótese a favor do petróleo
Por outro lado, a demanda pelo petróleo pode ganhar algum fôlego com a subida histórica dos preços do gás natural, sobretudo na Europa. Essa subida deve fazer com que consumidores e indústrias migrem para a geração de energia com petróleo para sobreviver o inverno rigoroso que os espera. Além disso, a oferta de petróleo não está aumentando e pode até gerar problemas no futuro próximo, pois a demanda tende a subir no inverno do Hemisfério Norte.
A questão do volume de oferta deve piorar à medida que o inverno se aproxima, visto que as sanções aplicadas pela UE à importação marítima de petróleo bruto e derivados vindos da Rússia vai entrar em vigência no dia 5 de dezembro (às vésperas do inverno no Hemisfério Norte). O modesto aumento de 100.000 barris por dia em setembro, aprovado pela OPEP+, não vai ser suficiente para atender a crescente demanda.
Tecnicamente, o Brent (XBRUSD) pode cair para 80,00 caso consiga romper abaixo de US$ 90 e se estabilizar abaixo desse patamar.
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